quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Projeto 'Bares da Cidade': Bar do Mercado

Para comemorar o Ano Novo com uma nova iniciativa do Blog "Diário de Mesa", é lançado agora o Projeto 'Bares da Cidade'. Os artigos do blog ampliarão seu leque de análise: não apenas focalizarão a haute-cuisine de Brasília e de outras cidades, mas também cederão espaço aos botecos que merecem destaque por sua típica culinária, bebidas diversas e vívidos ambientes. Claro que as notas dadas aos bares não poderão ser comparadas às notas dadas aos restaurantes analisados pelo blog. Sendo assim, é natural que as notas de bares devem ser comparadas com as de outros bares, por sua natureza e proposta similares.

O Projeto 'Bares da Cidade' inicia-se com o Bar do Mercado. Localizado na 509 Sul, o bar integra o vasto complexo de mais de 1.000 m2 do Mercado Municipal. Este, inaugurado em 2006, resgata a vida dos mercados das tradicionais metrópoles do Brasil e do mundo. Seus sócios buscaram inspiração desde o Ver-o-Peso de Belém do Pará, passando pelos mercados de São Paulo e Rio, até o Les Halles de Paris. A estrutura é em ferro fundido, a decoração inclui peças antigas que lembram e remetem a Art Nouveau.

Agregando mais um espaço em meio à floricultura, peixaria e delicatessen, o Bar do Mercado se afirma como um autêntico bar paulistano que pensou em vários detalhes de seu ambiente. O espaço do bar não é imenso, mas razoável. A decoração chama atenção para a coleção de cachaças, um mural com antigas propagandas da Brahma, ventiladores e rádios da década de 40 e 50, esculturas de São Jorge e a bela chopeira antiga revestida em cobre.

O cardápio é variado, com opções que variam desde as tradicionais 'tapinhas' de boteco (linguiça curada, azeitonas especiais, empadinhas, etc) até carnes e peixes mais elaborados. Recomendo o Filé do Mercado: escalopes à milanesa com molho gorgonzola gratinado ao forno. Além disso, dou destaque para a variedade de pratos de bacalhau, que podem servir até 2 pessoas.

No quesito atendimento, o Bar do Mercado se saiu razoavelmente bem, apesar de ter minhas dúvidas quanto à sua eficiência com a casa lotada. Quanto à culinária, reconheço que os pratos são bons e saborosos, mas confesso que esparava uma personalidade mais vibrante para uma casa que pensou tudo nos mínimos detalhes de sua construção e elaboração de seu menu. Sem dúvida alguma, o Bar do Mercado se afirma como um belo boteco, trazendo seu tradicional estilo paulistano para a moderna Capital de Niemeyer (o que é isso mesmo que os seus frequentadores buscam afinal).


Notas
Ambiente 5

Som / Música (indisponível, pelo menos no almoço)

Atendimento 3
Carta de Bebidas 4


Cozinha (Petiscos e Pratos)
- Apresentação 3
- Harmonia 4
- Variedade 5
- Personalidade 3

Custo/Benefício: 4
Nota Geral (Bares): 4


SHCS CR Quadra 509, bloco C, loja 29 – W3 Sul Asa Sul
Telefone: (61) 3244-7999 Brasília - DF.
Funcionamento: Segunda a Domingo: 12h à 00h

sábado, 15 de dezembro de 2007

Araxá - Restaurante Ana Jacinta

Hoje volto de férias de um dos lugares mais imperdíveis a serem visitados: o Grande Hotel de Araxá. Localizado nesta pequena cidade mineira, famosa pela cortesã Dona Beja (que inspirou até novelas), o Grande Hotel é a Europa no coração do Brasil. Ele foi construído sob a demanda dos aristocratas brasileiros em meio à II Guerra Mundial quando, mais que naturalmente, não podiam aproveitar os deleites europeus. O Grande Hotel é recheado de salões monumentais (um deles estando entre os Top 50 do mundo), pavimentado com mármore de Carrara, atendimento impecável do começo ao fim, além de estar em meio a uma natureza exuberante e a fontes de águas minerais. Conta ainda com o imponente Termas, uma construção que precede a do hotel e que dispõe de vitrais, obras de arte, um cardápio de banhos, piscinas emanatórias em azulejos portugueses... enfim, não é a toa que esse hotel era o refúgio de praticamente todos os Presidentes da República desde a Era Vargas.

Sempre gosto de descrever o panorama, como se quisesse pintar o cenário de um quadro antes de me dedicar às personagens. E o personagem ao qual me atenho aqui é o Restaurante Ana Jacinta, localizado às portas do magnífico Grande Hotel. O pequeno parêntese que faço é que o nome "Ana Jacinta" é o verdadeiro por detrás do pseudônimo de Dona Beja, o que é muito apropriado tendo em vista que a famosa cortesã se banhava nas águas minerais do local dois séculos antes.

Minha crítica enfoca a proposta inicial da casa: comida mineira legítima e rústica como ela deve ser. Comparar o restaurante a um Ás da culinária contemporânea seria injusto nesse caso. De todos os modos, o restaurante carrega a fama de ser o que melhor expressa a tradicional culinária de Minas na cidade. Suas porções são fartas e com preços acessíveis. O ambiente é agradável e fresco, com vista ao Grande Hotel graças à varanda que contorna toda a casa. Os pratos têm personalidade: tempero rico para quem aprecia uma boa comida mineira. Recomendo a costelinha assada com tutu de feijão, couve e mandioca cozida. Simples assim, rústico assim.

Notas

Ambiente 3

Som / Música: Inexistente
Atendimento 3
Carta de Vinhos 2


Cozinha

- Apresentação 2

- Harmonia 2

- Variedade 3

- Personalidade 4

Custo/Benefício: 3
Nota Geral: 2